PROGRAMAÇÃO DA REUNIÃO AMPLIADA DA FNA PROSSEGUE HOJE EM CAMPINAS/SP

O evento foi aberto ontem com a presença de representantes de sindicatos de arquitetos de todo o país. Garibaldi Rizzo, presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de Goiás participa do acontecimento.

A programação deste domingo foi aberta às 9 horas e vai se estender até as 5 da tarde.

O representante do SARQ/GO fez um resumo do primeiro dia da reunião e compartilhou agora a pouco nas redes sociais, blog e site do sindicato:

"O COMUM URBANO E A EVITAÇÃO SOCIAL

A reforma urbana foi tema, durante Reunião Ampliada da FNA com os sindicatos de arquitetos e urbanistas dos estados em Campinas (SP). O arquiteto e urbanista Anderson Kazuo Nakano, mestre em Estruturas Urbanas e Ambientais pela USP, foi um dos palestrantes. Ele apresentou retrospectiva da política urbana no país nos últimos anos, com a elaboração dos planos diretores e o Estatuto das Cidades. Kazuo avalia que a partir da segunda metade dos anos 2000 houve um "processo de desconstrução" e até retrocesso nas políticas urbanas.

O especialista alerta que é preciso definir novos rumos para repensar a realidade das cidades para retomar o desenvolvimento urbano. "É importante começarmos a acumular massa crítica para entender quais são os bloqueios que estão provocando isso. Só vamos conseguir enfrentar os desafios urbanos coletivamente", aponta Kazuo. Também palestrou o professor da FAU/USP Caio Santo Amore, que faz trabalhos comunitários e ambientais assessorando movimentos e organizações populares. “O momento é fundamental para pensarmos o papel da arquitetura e urbanismo e dos profissionais de arquitetura e urbanismo diante deste novo quadro urbano", disse Amore, mencionando o papel das prefeituras e dos movimentos populares neste processo.

Com a forma de habitar nos arrabaldes da cidade desde a década de 1940, os moradores sofrem com a irregularidade na propriedade legal dos imóveis, com o sofrimento das horas perdidas no transporte coletivo até o local de trabalho e com a inexistência de infraestrutura urbana mínima. Contudo, esse tipo de moradia representa a libertação do aluguel, um dinheiro "perdido". Além disso, em situação de instabilidade e na velhice, a casa própria representa a única poupança feita, inclusive para os filhos.

Já as favelas, forma precaríssima de habitação, também sedimentada em ocupações irregulares e com infraestrutura mínima ou inexistente. Trata-se de espaço estigmatizam-te por excelência, marcando seus habitantes de forma preconceituosa e desvantajosa. Contudo, também ali é possível fugir do aluguel, de taxas e outros impostos.

Este quadro é muito dinâmico, pois com os crescentes processos de regularização fundiária e urbana, favelas e casas de periferia vão assumindo contornos muito semelhantes, seja pela garantia de propriedade do imóvel, seja pelo acesso que os moradores passam a ter aos serviços de abastecimento regular e contínuo de água e luz, à coleta de lixo e do esgoto e às unidades básicas de saúde, creches e escolas.

Em comum com todos os moradores da cidade, mas atingindo de forma aguda os que vivem nesses espaços precários, está a violência. Em meio às dificuldades de arranjar emprego e de manter a dignidade em situações tantas vezes aviltantes da condição humana, é preciso ainda fugir ou proteger-se do poder arbitrário de traficantes de drogas e de policiais que agem de forma ilegal. Mata-se por pouco ou por nada. Na maior parte das vezes as leis do silêncio e do retraimento representam a única salvaguarda da própria vida.

Neste contexto as classes mais abastadas, moradores em condomínios de luxo se opõe em sua maioria que conjuntos habitacionais de interesse social sejam edificados em sua proximidades , esta atitude denominamos “ evitação social”, ou seja :”Quero resolver os problemas sociais , mas longe de mim”. Esquecem os novos burgueses e as classes dominantes do mercado dos princípios da Urbanidade, ou seja do comum urbano."

Garibaldi Rizzo
Presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de Goiás